Os Bastidores de Nylon da Exposição "As Almas da Baixa de Lisboa"
Atualizado: 25 de mar.
Foi com 18 retratos que no dia 30 de maio de 2022, pelas 18:30, inaugurei a minha primeira exposição de fotografia "As Almas da Baixa de Lisboa", patente na Clínica Miguel Calhau, no 2º Dt.º do n.º2 da Rua Camilo Castelo Branco, junto à Av. da Liberdade, em Lisboa. Pude na abertura desta mostra - a primeira do meu projeto "As Almas da Baixa de" - contar com a presença de inúmeros amigos, familiares e até alguns dos retratados. Estávamos de saída de confinamentos COVID mas ainda não libertos da pandemia pelo que não foi por isso estranho que à última da hora me tenha deparado com umas quantas “baixas” de amigos que poucos dias antes tinham sido apanhados pelo “bicho”. Este momento tão único para mim resultara da crescente vontade que fui sentindo em passar para o mundo físico uma parte das almas que desde 2019 encontrei na Baixa de Lisboa e também da generosidade do meu amigo Miguel, dono e responsável da clínica, que me apoiou “de portas escancaradas” desde que soube desta minha vontade. Uma exposição com 18 retratos mas que, se o espaço e o budget disponível para os custos de impressão fossem ilimitados, poderia ter ficado com uma, duas ou mesmo três ou mais centenas de almas expostas. No limite, tantas ou mais das que já tinha publicado na minha página no Instagram (@nuno_duarte100).

Na inauguração da minha exposição, com a "bailaora" e professora de flamenco Gloria Ríos. (o seu retrato, na parede à direita). At the opening of my exhibition, with the "bailaora" and flamenco teacher Gloria Ríos (her portrait, at the right side of the wall).
A minha maior aventura tinha, contudo, ocorrido durante as semanas que antecederam a inauguração. Organizar e montar uma exposição, apesar da sua pequena dimensão, depressa se revelou um verdadeiro desafio para mim. Quando esta começou a ganhar forma na minha cabeça nada sabia sobre montagem de exposições. Em que materiais, com que tamanho e onde iria imprimir as fotos? Que sinalética interior iria utilizar para divulgar a exposição? Para idealizá-la graficamente, valeram-me algum jeito para design, a minha facilidade com o Photoshop e também uns “pózinhos de sorte”, que dão sempre jeito. E como poderiam ser afixados os retratos, em especial, no corredor principal da Clínica do meu amigo Miguel Calhau? Sabia de antemão que em relação a esta última questão o tema "afixar" exigia especial cuidado. As paredes do referido corredor, com cerca de 10 metros de comprimento, eram totalmente forradas a papel de parede, logo, usar pregos ou algum tipo de adesivo para afixar as imagens significaria criar marcas ou mesmo arriscar rasgar o sensível revestimento das paredes. Utilizar calhas com fios de nylon com fechos nas extremidades, tal como descobri que era a solução favorita de inúmeras galerias de arte, seria, provavelmente, a melhor opção. Afinal foi até um pouco mais simples. Nylon sim. Calhas não.

Com a modelo francesa Stéphanie Moser (o seu retrato, na parede à direita). With the French model Stéphanie Moser (her portrait, at the right side of the wall).
Bem no topo, junto ao teto, utilizaria pequeníssimos pregos aos quais prenderia fio de pesca que serviria para suspender, rente à parede, as imagens que vieram a ser impressas em k-line. A solução menos dispendiosa mas, mesmo assim, eficiente.

Enquanto isso, a equipa da Clínica e os seus pacientes movidos pela azáfama de consultas de hora marcada circundavam aquele que durante vários dias me fez elevar, situação rara para mim, sobre todas as cabeças da área como se tivesse encontrado um pedestal de excelência: o escadote. A única coisa certa é que durante dias a fio (e também fazendo uso de muito fio) senti-me nas alturas, promovido a gigante de três metros, mas não foi por lá estar, em ponto alto e em Lisboa, que dali passei a vislumbrar o Castelo de São Jorge. Passaram-se os dias e as 18 Almas da Baixa de Lisboa, uma a uma, tornaram-se parte integrante também deste espaço. Aparentemente estavam “as almas” bem penduradas – sublinho “aparentemente” pois nas semanas seguintes, até mesmo após a inauguração, os fios de nylon transparente baloiçavam com fulgor sempre que alguém passava no corredor usando de passada mais veloz. E balanço para a direita, balanço para a esquerda, um ou outro retrato soltava-se do fio que o suportava. E lá voltava eu à Clínica do meu amigo Miguel… Até que reforço após reforço, à custa de muita aprendizagem minha e q.b. de persistência, perdura agora o penduranço inabalável. À sua espera. A aguardarem estes retratos para se mostrarem almas vivas na mente e aos olhos de quem os visitar. Os seus.
Sobre a Exposição "As Almas da Baixa de Lisboa" Onde? Clínica Miguel Calhau, Rua Camilo Castelo Branco, 2, 2º Dt., junto à Av. da Liberdade, em Lisboa. Quando? Segunda a sexta-feira, das 9 às 18h. Até quando? Agora e durante mais algum tempo. Quanto? Entrada livre.